Voltar ao banco do cursinho ou ao bico no posto de gasolina?!
Se não me falha a memoria, em todos esses anos eu nunca viajei no Carnaval.
E sempre estive trabalhando no natal ou na virada do ano. Ou nos dois.
O fiscal do IEF podia ter duas famílias que poderia sempre comemorar a data especial com as duas. Sempre esteve em casa, fosse Carnaval, Natal ou virada do ano.
O analista do MP, esse sempre acompanhou o recesso judiciário. Logo, como juízes e promotores, sempre podia viajar até para a China nesses feriados. Afinal de contas, são três semanas de recesso. E não são férias. Um recesso para o fadigado servidor poder recarregar as baterias.
O professor da rede estadual, por sua vez, soma as férias letivas de fim de ano com a do meio do ano, mais o Carnaval e a semana das crianças... fora a semana santa e todos os demais feriados. Emendados e emendáveis. Pode fazer greve e, como já é de conhecimento de todos, quem quer educação de qualidade para seus filhos, precisa bancar a rede privada.
E eu não estou tecendo nenhuma crítica aos nobres colegas. Pelo contrário. Hoje entendo que eles estão certos. E esfregam na nossa cara um lição que nos recusamos a aprender.
Infelizmente eu não sou professor, nem fiscal do IEF e nem analista do MP. Pelo andar da carruagem, se não fizer nada diferente, realmente terei escolhido a carreira errada.
Eu sou o sujeito que pede peça de viatura para o serviço não parar. Que pede gasolina para o prefeito, no interior, para conseguir atender aquele chamado de briga na festa da quermesse do povoado distante. Eu sou o que fiz vaquinha para custear melhoria naquele quartel que, pelo estado, continuaria caindo aos pedaços.
Eu sou o que fingiu que DDU era MBA. Que viatura era nave e que roubo era furto.
Eu sou aquele feito de bobo na delegacia, vendo o preso sair antes de mim. E no fórum, quando o juiz desmarcou a audiência, na minha folga, e não me avisou, me fazendo gastar, a toa, uma gasolina que economizei não levando meu filho no parque.
Eu ignorei o risco. A vergonha. E o deboche dos outros. Incursionei. Prendi. Levei. Persegui. Corri... Sobrevivi!
Eu achava que era patrimônio do povo mineiro. E que, por fazer o que ninguém fazia, merecia ganhar algo que ninguém ganhava: fosse o respeito de todos ou a consideração do governo.
Eu estava errado! Todos somos iguais e substituíveis para um povo omisso e um governador que quer pagar o mais barato.
Agora vão dizer pra eu continuar garantindo, com o meu couro, o sossego do fiscal do IEF, do analista do MP e do professor estadual. Pra eu ficar alheio aos riscos ao meu emprego e fazer o que a lei nao manda. Fazer o que eu sempre fiz e que ninguém faz. Fazer pra mais.
Vão mandar eu chegar no horário, como sempre, pagando, com meus 10 por cento em quatro anos a gasolina que subiu 26 em seis meses.
Vão mandar eu estar tranquilo resolvendo toda sorte de problema de toda a gente, mesmo com a minha gente, lá em casa, trocando a costela pela suã e o refrigerante pela água... assistindo o pouco que me resta ser dissolvido, depreciado, reduzido, por uma inflação voraz aliada a um governador que tem os dentes macios por anos comendo filé.
Não meus amigos! O tempo da Força Publica formada por mortos de fome, por pedintes, passou! Eu estudei. Não me privaram de pensar. Não podem mais tirar minha cidadania ou minha dignidade.
Vou manter a legalidade estrita, que é, talvez, como deveria ter procedido desde a infância da minha carreira. Gastar menos suor. Menos Sabão pra lavar farda. Mitigar os riscos. Me dedicar mais aqueles para os quis sou insubstituível: a minha família.
Intervenção em baile funk, só com supremacia de força (ou seja, nunca mais!) Alias, qualquer abordagem, conforme previsão normativa, além da supremacia de força, fundada suspeita. Perseguição, só abaixo da velocidade permitida na via.
É hora de ser o policial que aquele tenente limpinho, lá da academia, me ensinou a ser nas aulas de técnica policial no meu curso de formação.
Se tem MBA, entro. Se não tem, não entro. Se tá em flagrante, mesmo, eu prendo. Se não tem, não prendo. Se eu achei a arma, levo, se não achei, não vou "dar um calor" para achar. Legal! Nada além e simples assim.
Desde o império romano, o soldado só teve valor em tempos de guerra. E a guerra foi vencida por nós, já que desde 2016 os índices criminais só caem nessas terras alterosas. Vencemos. Somos o estado mais seguro. E não tivemos direito ao nosso quinhão no espólio da guerra.
Ali na frente, quando as pessoas pagarem com sua vida e seu patrimônio a omissão e a indiferença de uma única pessoa, tal de zema, talvez se livrem dele e coloquem em seu lugar alguém que saiba separar o joio do trigo e dar a Cesar o que é de César. E nessa hora estaremos prontos para, mais uma vez, desembainhar as espadas e pagar, uma vez mais, nosso tributo de sangue.
Agora, se não quisermos aceitar a humilhação que nos foi imposta e voltar a ir para o quartel de ônibus, fardados para não pagar passagem, é hora de trincar os dentes, resistir a qualquer cobrança que não esteja amparada em lei. Legalidade estrita!
Antes que o governo nos devolva para os anos 90, devemos perseverar para trocar o governo! Uma instituição de quase 250 anos não pode ser prostrada por um único sujeito, que subiu no bonde na última estação.
Por hora, vamos cumprir o cartão programa. E beber café, como os concursados da FEAM, do DER, do IGAM, da UEMG... Afinal, somos empregados do mesmo patrão.
Outubro é logo ali!
Que Deus nos abençoe a todos e sigamos firmes na luta!
Assinado em nome de todo servidor público insubstituível: o militar.
Luis Augusto Mendes Machado de Souza, 2° Sgt PM
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