O governador Fernando Pimentel, que esteve pessoalmente com boa parte de seu secretariado em Janaúba, no dia em que o vigia Damião Soares dos Santos ateou fogo no próprio corpo, incendiou a creche Criança Inocente e matou nove alunos de quatro e cinco anos – uma delas morreu nesta segunda-feira – vai telefonar nesta terça-feira para a família da professora Helley Abreu Batista, de 43 anos, para dar os pêsames em seu nome e do governo de Minas pela sua morte e comunicar que ela será homenageada com a Medalha da Inconfidência, in memoriam. A condecoração, a maior do Estado de Minas Gerais, será estendida aos policiais e bombeiros militares, além das demais professoras e pedreiros, que prestaram os primeiros socorros às vitimas do atentado na fatídica quinta-feira, 5 de outubro, em que além das nove crianças morreram a professora e o vigia Damião.
Para o governador Fernando Pimentel, que hoje telefona para a família da professora Helley, a decisão de dar a ela e aos profissionais de segurança que acudiram no primeiro momento, com enorme sacrifício, foi tomada ainda na semana passada quando ele e boa parte de seu secretariado, incluindo sua esposa, Carolina, presidente do Servas – Serviço de Assistência Social Voluntário – estiveram pessoalmente em Janaúba, alertados que foram quando participavam de um simpósio na cidade de Aimorés, no nordeste de Minas, quase na divisa com o Espírito Santo.
Tendo chegado ao local logo após o incêndio, o governador visitou parentes das vitimas, percorreu os hospitais da cidade e mandou que os aviões e helicópteros do Estado transportassem os feridos mais graves para hospitais de Montes Claros, a 120 quilômetros de distância, e até para Belo Horizonte, contratando para o transporte aviões-ambulância em função da urgência do atendimento a algumas das crianças em estado de maior gravidade. Pelo menos quatro delas não suportaram as queimaduras e morreram, somando-se às outras cinco que também foram a óbito, totalizando, com a professora e o autor do atentado, nada menos de onze falecimentos. Quase oito dias após a tragédia, ainda há crianças e adultos correndo risco nos diversos hospitais onde estão internados.
O que se pergunta, e não apenas em Janaúba – o corpo do vigia Damião foi sepultado sem a presença sequer de parentes que se sentiram consternados com o atentado – é o que teria levado o pacato Damião, um modesto vendedor de sorvetes durante o dia e vigilante noturno da Creche Criança Inocente à noite a cometer o atentado. Não há explicação. A prefeitura do município garante que ele não estava sob tratamento psiquiátrico, como se chegou a aventar no primeiro momento, também foi desmentida a informação de que ele teria sido demitido e a própria família não sabe explicar o que aconteceu. Sabe-se apenas que desde a morte do pai, há três anos, que Damião, aos 50 anos, já não parecia o mesmo e chegou a reclamar com os parentes que achava que sua mãe o estava envenenando. Um gesto de insanidade, coisa repentina? Um surto psicótico? Um atentado planejado? Ninguém sabe. Damião levou para o tumulo o que o fez a praticar o atentado e dificilmente a polícia que apura o caso terá resposta para o sangrento e doloroso 5 de outubro, o dia em que o rio Gorutuba, que corta a cidade de Janaúba, se cobriu de luto e levou para o Rio São Francisco a dor de uma cidade e a solidariedade de boa parte do país. “Eu vi de perto a tragédia” conta desolado o governador Fernando Pimentel ao 247, ao refirmar a solidariedade de seu governo à ainda abalada Janaúba.
fonte BRASIL247
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