Lula deixou o aeroporto de Congonhas no início da tarde (Marcos Bizzotto/Raw Image/Estadão Conteúdo)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou por volta das 12h45 ao diretório nacional do PT em São Paulo. Em um carro preto, com os vidros fechados, o petista não falou com a imprensa nem com os militantes do partido, que demonstravam seu apoio.
Lula seguiu direto do aeroporto de Congonhas, na zona sul, onde prestou depoimento à Polícia Federal, para o diretório. A expectativa é que ele promova um encontro com militantes ainda nesta sexta-feira.
Apoio
Toda a bancada do PT no Congresso, além de governadores e outros políticos do partido, foram convocados no início da manhã desta sexta-feira a comparecer a reunião na sede do Partido dos Trabalhadores em São Paulo.
O partido vai realizar uma reunião geral para articular estratégia em resposta à operação da PF desta manhã. Os parlamentares, entretanto, não conseguiram confirmar quando vão se encontrar, já que os petistas ainda estão em trânsito. Nem todos os parlamentares devem conseguir se deslocar ainda hoje.
O líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (BA), concedeu entrevista no Congresso e, em seguida, foi para o aeroporto. O governador do Piauí, Wellington Dias, vai se encontrar com a presidente Dilma Rousseff, mas garantiu que viajará à São Paulo. O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), também já está à caminho.
Vantagem de construtoras
O procurador da República, Carlos Fernando Lima, que integra a equipe de investigação da Operação Lava Jato, disse que há indícios de que o ex-presidente Luiz recebeu o pagamento de vantagens, seja em dinheiro, presentes ou benfeitorias em imóveis das maiores empreiteiras investigadas na operação policial. A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta a 24ª fase da Lava Jato, com mandado de condução coercitiva para o ex-presidente Lula, que está sendo ouvido por agentes da PF no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
“As investigações são exatamente no sentido de comprovar ou não a participação do ex-presidente nas decisões de beneficiamento de partidos da base aliada. As investigações já vêm acumulando evidências que o principal beneficiário era o governo do PT, fica claro que os benefícios políticos colhidos foi de Lula e da atual presidenta [Dilma Rousseff]”, disse o procurador em entrevista à imprensa na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Segundo o procurador, Lula recebeu cerca de R$ 20 milhões em doações para o Instituto Lula e cerca de R$ 10 milhões em palestras de empresas que também financiaram benfeitorias de um sítio em Atibaia e de um triplex no Guarujá. “Doações podem ser realizadas por diversos motivos, mas precisamos ver se isso tem motivação com as obras fraudulentas feitas pela Petrobras”, disse Lima.
As empresas Camargo Corrêa, Odebrecht, UTC, OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, segundo o procurador, pagaram 60% de todas as doações para o Instituto Lula e 47% dos valores das palestras para Lula entre 2011 e 2014.
“Não existe motivação plausível para o pagamento dessas vantagens”, disse o procurador. “As vantagens não precisam ser em dinheiro, não precisam ser ligadas ao ato. Mesmo após o exercício da presidência ainda podem estar sendo pagas vantagens ao ex-presidente Lula”.
De acordo com o procurador, a Polícia Federal (PF) investiga se Lula era quem liderava esquema de desvio de dinheiro da Petrobras para financiamento político e enriquecimento pessoal. Nas fases anteriores da investigação, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari, presos na Lava Jato, eram apontados pela polícia como os principais líderes do esquema de fraudes.
O Ministério Público e a Polícia Federal investigam ainda o pagamento de serviços, pelo Instituto Lula, que tem benefícios fiscais, à empresa G4, pertencente ao filho de Lula. De acordo com Lima, o instituto repassou mais de R$ 1 milhão para empresa por supostos serviços prestados. A polícia investiga se esses serviços foram realizados.
Mandado de condução coercitiva
O delegado Igor de Paula, da Polícia Federal, esclareceu que o pedido de condução coercitiva para Lula, feito pelo juiz federal Sérgio Moro, foi em função da segurança do ex-presidente e de seus familiares, já que se detectou uma mobilização de pessoas na tentativa de prejudicar a tomada do depoimento hoje. Lula está sendo ouvido desde as 8h, no escritório da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas. Segundo o delegado, é investigado ainda o vazamento de informações da quebra do sigilo bancário e fiscal de Lula.
Igor de Paula disse que não há pedido de prisão para Lula e para ex-primeira dama Marisa Letícia.
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