Dezenas de pincéis, bases e corretivos para os mais diversos tons de pele, sombras coloridas, blush, batons e pinças entraram no dia a dia do Presídio Doutor Nelson Pires, no município de Oliveira, no Oeste do Estado. Todas as 20 detentas da unidade se inscreveram no curso de maquiadora profissional e designer de sobrancelhas oferecido pela unidade prisional em parceria com o programa Pronatec, do governo federal.
São 160 horas de aprendizagem, com aulas na parte da tarde, três vezes por semana. Na opinião do diretor geral do presídio, Carlos Marcelo Rodrigues, as presas vislumbraram no curso a oportunidade de aprender uma profissão em alta no mercado de trabalho. E, o que é muito significativo, de forma gratuita. Hoje, particulares chegam a cobrar até R$ 1,5 mil por um curso de maquiagem profissional de menor duração, na faixa de 120 horas, por exemplo.
Mas não é por ser de graça que o curso tem qualidade inferior à dos oferecidos no mercado. A professora, Maria Marcilene dos Santos, por exemplo, é profissional do ramo da beleza e estética há doze anos, dona de uma loja de cosméticos e de um salão de beleza. Ela assegura que, ao fim do curso, as presas estarão aptas a ingressar no mercado de trabalho.
“O setor de beleza e estética é um dos que mais cresce no mundo. A área de beleza nunca está em uma grande crise. O profissional do ramo fatura em média R$3 mil e pode ganhar muito mais”, afirma Maria Marcilene.
As aulas acontecem num pátio interno da unidade. As detentas replicam as orientações da professora usando mesas como bancadas de trabalho, onde ficam dispostos todos os objetos necessários para a maquiagem profissional, tanto para o dia quanto para a noite. Entre as técnicas ensinadas no curso, estão a análise e a conceituação dos diferentes formatos de rostos e tipos de pele e a aplicação dos objetos adequados para automaquiagem, maquiagem e demaquiagem.
Sob o olhar atento da professora, as detentas vão transformando pouco a pouco os próprios rostos. Uma base e um corretivo para disfarçar as imperfeições, um blush para corar, uma sombra e um rímel para realçar o olhar e um batom para colorir o sorriso: é assim que as vinte alunas se mostram no fim de cada aula. Para elas, não se trata apenas de uma oportunidade para aprender uma profissão, mas também um resgate real da autoestima.
Por: Flávia Lima
Foto: Divulgação/Seds
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