Pátio de Escola de Direito da UFMG é área de consumo e venda de droga
O pátio no pilotis da faculdade de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que um dia abrigou manifestantes contrários à ditadura militar, hoje serve como ponto de encontro de adolescentes usuários de drogas.
Chamado Território Livre José Carlos da Mata Machado, o espaço ficou subutilizado pela comunidade acadêmica e agora é ocupado por estudantes secundaristas de escolas do entorno, no centro da capital, para fumar maconha e consumir bebidas alcoólicas.
Problema
Um servidor da universidade, que pediu para não ser identificado, reclama que a situação se repete sempre que há aula. “Todos os dias na parte da tarde eles estão aqui. O cheiro da maconha impregna em alguns locais, como a biblioteca, e é comum encontrarmos adolescentes cambaleando pelos corredores bem no meio da tarde”, reclamou o funcionário.
Diferentemente do caso do tráfico de drogas na Faculdade de Filosofia e Ciência Humanas (Fafich), não há relatos de atos de violência contra funcionários e estudantes universitários nem roubos cometidos contra a comunidade acadêmica no prédio de direito.
Durante as seis horas em que a reportagem ficou no pátio do Território Livre da Mata Machado (uma homenagem ao estudante morto durante a ditadura), sempre havia pelo menos um grupo de jovem usando drogas. Em nenhum momento houve abordagem por parte de vigias da instituição.
Plano
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) prepara um conjunto de ações para coibir o consumo e o comércio de drogas dentro da entidade. O reitor Jaime Ramirez admite que esse é um problema vivido pela instituição e que a reitoria está atenta para enfrentá-lo.
“A questão do uso de drogas não pode ser tolerada pela universidade. Nós não vamos fechar os olhos em relação a essa questão. Nós entendemos que essa é uma situação complexa, é uma questão de saúde pública o uso da droga no nosso país. Vamos primeiro apresentar para nossa comunidade e para nossas instâncias para ver quais ações poderão ser tomadas”, afirmou Ramirez, durante seminário da Pró-Reitoria de Graduação, na semana passada.
O reitor não quis adiantar as medidas, pois elas ainda precisam ser discutidas junto ao conselho universitário - grupo responsável por avaliar e aprovar as ações adotadas na UFMG composto por professores, alunos e servidores. A promessa do reitor Jaime Ramirez é que essas ações entrem em vigor até o fim deste semestre.
Resposta da Escola de Direito
Por meio de nota, a Diretoria da Faculdade de Direito informou que está ciente dos problemas envolvendo o uso de drogas no Território Livre desde o dia 14 de abril e já enviou ofício para o Ministério Público Federal e Ministério Público de Minas Gerais para que investiguem a situação, já que o alvo das denúncias “está além das competências outorgadas a essa Diretoria, por se tratar de fato, em tese, prescrito na lei penal”. A Faculdade de Direito ainda colocou-se à disposição para contribuir com as investigações e estuda medidas a serem adotadas no prédio da Faculdade, como o reforço da vigilância e revitalização dos espaços de convivência.
Relembre
- Em março, denúncias revelaram um esquema de tráfico de drogas dentro do Diretório Acadêmico (DA) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich).
- Adolescentes de fora da comunidade acadêmica teriam montado um ponto de venda de drogas dentro do espaço destinado aos estudantes. Eles seriam ainda suspeitos de agressão a professores, assaltos, assédio contra mulheres e perseguição a gays.
- Alguns cursos suspenderam provisoriamente as aulas até que a situação fosse resolvida. As aulas foram retomadas após o fechamento da sala do Diretório Acadêmico por todo este semestre.
fonte Jornal o Tempo
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