Milicianos presos usam cartas para manter contato com a quadrilha de dentro de penitenciária federal

Os mais de 3 mil quilômetros entre o presídio federal de segurança máxima de Porto Velho, em Rondônia, e o Rio de Janeiro não foram suficientes para evitar que os dois principais chefes da maior milícia do Rio continuassem em contato com a quadrilha integrada por ambos. Cartas escritas pelos ex-PMs Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman — número um da milícia — e Toni Ângelo de Souza Aguiar, o Toni ou Erótico, apontado como o segundo na hierarquia, foram apreendidas pela polícia com Marcos José de Lima Gomes, o Gão, preso na última terça-feira em Cosmos, na Zona Oeste do Rio. Gão é acusado de chefiar atualmente o bando.
CI Rio de Janeiro (RJ) 19/06/2009 - Milicianos da Zona Oeste procurados pela polícia. Toni Ângelo Souza de Aguiar: Erótico . Foto Marcelo Theobald / Extra / Agência O Globo.
CI Rio de Janeiro (RJ) 19/06/2009 - Milicianos da Zona Oeste procurados pela polícia. Toni Ângelo Souza de Aguiar: Erótico . Foto Marcelo Theobald / Extra / Agência O Globo. Foto: Marcelo Theobald / Reprodução/Marcelo Theobald
A informação de que os ex-PMs continuam se comunicando com a milícia é confirmada por Luiz Augusto Braga, delegado adjunto da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Draco-IE). Na quinta-feira passada, a especializada prendeu 21 pessoas, acusadas de pertencer à milícia, na Operação Tentáculos. O grupo, que mantém ligações com Toni e Batman, cobrava taxas de segurança de moradores de um condomínio do “Minha casa, minha vida” em Campo Grande.
— O que a gente percebe, com as investigações, é que mesmo preso Toni Ângelo continuava comandando e dando as ordens para a quadrilha. Ele fazia isso através de cartas — diz o delegado.
Policiais que participaram da Operação Tentáculos chegam a um condomínio em Campo Grande
Policiais que participaram da Operação Tentáculos chegam a um condomínio em Campo Grande Foto: Hudson pontes / 07.08.2014
Na correspondência endereçada a Gão, os chefões do bando, que explora negócios como a cobrança de taxas de segurança e a venda de sinal clandestino de TV a cabo, agradecem o apoio recebido por parte do miliciano. Entre as gentilezas agradecidas a Gão, está a compra de passagens para um parente de Toni, que foi visitá-lo na carceragem de Porto Velho.
Marcos José da Lima, o Gão
Marcos José da Lima, o Gão Foto: Rafael Moraes / Rafael Moraes
O EXTRA telefonou, sábado e domingo, para a assessoria do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), responsável pelo presídio, mas durante o fim de semana não havia ninguém de plantão. Dois pedidos de posicionamento sobre o assunto também foram enviados por e-mail. Até o fechamento desta edição, nenhuma resposta foi recebida.
A primeira carta escrita por Toni tem data de expedição de 22 de setembro. Ele estava, à época, preso em Catanduvas, no Paraná. Nela, ele avisa que está tentando uma transferência: “Sou o único (ex) policial aqui. Estou fazendo pedidos para para ser transferido”, escreveu.
Em 3 de fevereiro deste ano, Batman assina uma carta e confirma que Toni foi transferido : “Nosso irmão chegou aqui”, escreveu num trecho da correspondência. Em seguida, diz que Toni está com sequelas por ter sido baleado. “Está com dormência nos braços e nas pernas e com parte do parte do rosto paralisado”, relata.
O EXTRA não conseguiu contato com os advogados de Toni e Batman para falarem sobre o caso.


fonte: http://extra.globo.com/casos-de-policia/milicianos-presos-usam-cartas-para-manter-contato-com-quadrilha-de-dentro-de-penitenciaria-federal-13556844.html#ixzz3A6IrOreI blog policial, papo de pm, blog policial,rj,mg,segurança pública