João Ferreira Lima, o "João de Goiânia".
João de Goiânia era um dos criminosos mais procurados do Brasil, desde o assassinato do Senador da República, Olavo Pires, em 1990. Participou de uma série de violentos roubos contra carro fortes e agencias bancárias, adotando a metodologia criminosa denominada "Novo Cangaço", quando dominavam quartéis, delegacias e fóruns de pequenas cidades do interior de diversos estados da federação para consumação de seus crimes de roubo. Geralmente fugiam levando reféns nas carrocerias de camionetes, preferencialmente policiais e autoridades judiciais. Encontrou o fim de sua trajetória de crimes, ao desafiar a Polícia Civil de Minas Gerais.
A prisão de uma das maiores quadrilhas do país hoje, em Minas Gerais, acabou colocando a polícia diante de João Ferreira Lima, o João de Goiânia, que confessou entre mais que 20 assaltos e ser o assassino do ex-senador Olavo Pires, que foi metralhado quando chegava à Vepesa, empresa dele, em Porto Velho, em novembro de 1990. Olavo Pires (PTB) disputava o segundo turno das eleições para o governo de Rondônia.
A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu seis suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em roubo a bancos e carro fortes, sequestros, latrocínios, roubo de armas de uso exclusivo do Exército e na invasão de delegacias e quartéis. As informações são da Polícia Civil de Minas Gerais. Alguns dos integrantes da quadrilha já haviam sido presos em novembro e dezembro últimos, mas as prisões não foram divulgadas para não prejudicar o desdobramento das investigações, que culminaram com a prisão, no último domingo, de João Ferreira Lima, o João de Goiânia, também conhecido como o homem da .50, e Gilmar Vilarindo de Moura, o “Alemão”. Os dois estavam entre os presos mais procurados do país, segundo a polícia. Com os dois, a polícia apreendeu uma metralhadora antiaérea e antitanque marca Browing .50, adquirida no Paraguai por R$ 280 mil, desviada por um coronel do Exército paraguaio; 170 munições .50; uma van Chrysler blindada; celulares; giroflex; cinco toucas Ninja; e R$ 8 mil em dinheiro. Os dois assumiram serem os proprietários e operadores das armas usadas em várias ações do grupo. João estava foragido desde 1987 e Alemão desde 1998 (veja na tabela abaixo os crimes da quadrilha em que João de Goiânia confessa a participação).
“A quadrilha foi totalmente desmantelada. Ao todo, 26 elementos já foram presos. O único líder que ainda não foi preso é o Ian Pimentel, ‘o Mineiro’, que está encurralado pela polícia do Mato Grosso na floresta de Novo Mutum e deve ser capturado em breve”, afirmou Antônio Carlos Corrêa de Faria, um dos delegados que coordenam a operação que prendeu a quadrilha.
Lima e seu comparsa Paulo César Miguêz foram detidos em Tocantins, quando, de acordo com a polícia, se deslocavam para a Venezuela, onde planejavam praticar o assalto de uma tonelada de ouro, avaliada em R$ 50 milhões. Além de Lima, participariam da ação seis ex-guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), segundo a polícia.
O roubo ocorreria entre as cidades de São Romão e Margarita, na Venezuela, onde o veículo de transporte do ouro seria interceptado. Uma Hammer e uma esteira rolante seriam usadas para transportar o produto do roubo. João de Goiânia será levado ao presídio de segurança máxima Nelson Hungria, em Nova Contagem (MG). Operação Vandec
A operação da polícia que resultou na prisão dos supostos integrantes da quadrilha foi batizada de Vandec, nome de um policial militar morto pela própria quadrilha durante um roubo na cidade de São Gotardo, em 2007. Com a participação de policiais civis do Departamento de Investigações de Crimes contra o Patrimônio (Deoesp) e membros do Centro de Apoio às Promotorias de Justiça e Combate ao Crime Organizado/Ministério Público, a operação, iniciada em fevereiro de 2007, prendeu sete suspeitos de participarem de assaltos a bancos nas cidades de São Gotardo, Tiros, Brasilândia de Minas e São Sebastião do Maranhão.
Em novembro do ano passado, horas depois de os criminosos levarem R$ 1,25 milhões, em dinheiro, de um carro forte, em Varginha, outros cinco suspeitos foram identificados e presos por participar da ação.
Respaldados com informações do Serviço de Inteligência da Polícia Civil, agentes e delegados se deslocaram por diversos Estados do Brasil no monitoramento dos integrantes do bando.
De acordo com o delegado, a polícia de Minas Gerais apelidou a tática da quadrilha de "novo cangaço", pelo modo como agem nas pequenas cidades ontem praticam os assaltos. "Eles chegam um dia antes na cidade e fazem um levantamento geral. Depois, munidos de fuzis e metralhadoras .30 ou .50, instaladas numa caminhonete, rendem e roubam o quartel, a delegacia e o fórum da cidade. Com as cidades sitiada, eles começam os assaltos", explica.
“Existe uma liderança fixa da quadrilha. Os outros membros são chamados de 'itinerantes', pois são contratados pela quadrilha momentos antes dos assaltos. Eles terceirizam os crimes. Isso dificulta o trabalho de investigação da polícia", complementa Faria.
O delegado afirmou ainda que não há provas de que a quadrilha tem ligações com grupos do crime organizado, como o PCC (Primeiro Comando da Capital) ou o Comando Vermelho (CV).
LOCAIS CRIMES DA QUADRILHA NOS ANOS 2000
- Roubo a Carro Forte - Uberlândia (MG)
- Roubo a carro forte - vigilantes feridos Uberaba (MG)
- Roubo a carro forte - um vigilante morto e outros feridos Ipatinga (MG)
- Roubo a carro forte - dois vigilantes mortos e um ferido Frutal (MG)
- Roubo a banco - policiais militares e civis levados como reféns; PM baleado Itaúna (MG)
- Tentativa de roubo a carro forte; dois vigilantes feridos Ibiá (MG)
- Roubo a banco - cidade sitiada; tesouraria da prefeitura assaltada Sacramento (MG)
- Roubo a carro forte - vigilantes feridos São Gotardo (MG)
- Roubo a dois bancos - cidade sitiada; delegados, juiz, policiais e bancários sequestrados; PM assassinado Belo Horizonte (MG)
- Roubo a banco Vila Velha (ES)
- Roubo a carro forte - mulher de 72 anos baleada Criciúma (SC)
- Roubo a banco - dois policiais rodoviários mortos Maringá (PR)
- Roubo a carro forte Porto Velho (RO)
- Assassinato do senador Olavo Pires Nordeste
- Vários roubos a banco e carros fortes, utilizando como tática deixar a cidade sitiada"
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