Delegado: "Só faz bafômetro quem é pobre e sem estudo"

"Hoje só faz o teste do bafômetro quem é das classes menos favorecidas ou tem pouca instrução". A triste constatação é do titular da Delegacia de Trânsito, Fabiano Contarato, que defende a adoção da tolerância zero diante de casos como o do apresentador Luciano Huck – pego numa blitz da operação Lei Seca, no Rio de Janeiro, no último final de semana. Huckse recusou a fazer o exame, foi multado em R$ 957,70 e acumulou sete pontos na carteira. 

Segundo dados do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, só no primeiro semestre deste ano 1.968 se negaram a soprar o bafômetro no Estado, número 550% maior do que o do mesmo período de 2011.

Para Contarato, a lei precisa ter a mesma redação no seu aspecto criminal da que tem no administrativo. Atualmente só é punido criminalmente quem dirige com mais de seis decigramas de álcool no sangue "Não há como por vídeo ou testemunho quantificar o que a pessoa bebeu. Se houvesse a tolerância zero, a prova testemunhal, a confissão, também serviriam para punir", diz. 

Mudanças
O delegado não se diz muito otimista com relação a possíveis mudanças na lei, ainda que existam projetos sobre isso tramitando no Congresso. "Na hora de votar eles sempre colocam o limite numérico. Em matéria de trânsito, o legislador brasileiro legisla em causa própria. Só acredito no dia que a presidenta mudar e publicar no Diário Oficial", disse.

O comandante do batalhão de trânsito da Polícia Militar, coronel Walace Brandão, também defende mudanças na lei. "O carro deveria ser apreendido e ficar de um a trinta dias preso. Não adianta entregá-lo a outro condutor, que pode devolvê-lo na próxima esquina", argumenta. 

Um dos projetos de mudança na lei que tramita na Comissão de Constituição e Justiça do Senado é relatado pelo senador Ricardo Ferraço. Ele prevê tolerância zero e detenção. Segundo a assessoria do parlamentar, o texto pode ser votado até o fim do ano.

Postar um comentário

0 Comentários