Mesmo tendo perdido a inocência faz um século ou mais, não consigo conter meu espanto com o fato de que "bandidos" se orgulhem publicamente de sua delinquência, ainda por cima no plenário da que era antanho chamada de "augusta corte".
O que me espanta é a banalização desse crime. Não é trivial, ao contrário do que pretendem fazer crer os réus e seus advogados. Caixa 2 "é coisa de bandido", já decretou, faz tempo, o "deus" dos advogados, Márcio Thomaz Bastos, quando usava a veste de chefe da Polícia Federal, como ministro da Justiça, e não a toga com a qual se apresenta no STF, agora como advogado defensor de um dos envolvidos no caso dos "bandidos".
Caixa 2, além de coisa de bandidos, implica necessariamente sonegação fiscal. Sonegação fiscal é crime grave em qualquer circunstância, mas muito mais ainda quando praticada por funcionários públicos, como o são ou foram os réus, na sua grande maioria.
Se o Brasil fosse sério, seria ridículo debater se houve ou não uso de dinheiro público no caso. Houve -- e confessado. Quando funcionários públicos praticam sonegação, estão desviando dinheiro público que poderia ser usado para um hospital, uma escola, uma ponte, o diabo, em vez de adubar contas particulares.
Repito: não se trata de denúncia da oposição, do procurador-geral da República, da mídia dita "golpista", mas de afirmações de ilustres membros do esquemão.
Confessam orgulhosamente a pratica de bandidagem, para usar a palavra do mais ilustre dos advogados envolvidos no caso, na expectativa de, ao confessarem um crime supostamente menor e supostamente prescrito, se livrarem de penas maiores.
Ou, posto de outra forma: aceitam ser chamados de "bandidos", mas não querem ser "quadrilheiros".
Vê-se que, no Brasil, Al Capone não iria preso porque o único crime pelo qual foi apanhado --sonegação fiscal-- por aqui não dá cadeia, dá orgulho.
fonte : jornal floripa
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