HERÓIS MINEIROS

Mineiros, jovens cheios de sonhos e de vida. Mas veio a guerra e os levou para bem longe da terra natal, para o outro lado do Oceano Atlântico, a Itália, onde tiveram que enfrentar os alemães e seus canhões, as noites geladas e a brutalidade do front. Quando o mundo lembra os 70 anos do início da Segunda Guerra, vale a pena conhecer mais sobre essa história e reverenciar o ato de bravura de três soldados. Geraldo Baeta da Cruz, 28 anos, natural de Entre Dois Rios de Minas, Arlindo Lúcio da Silva, de 25 anos, de São João del-Rey, na Região dos Campos das Vertentes, e Geraldo Rodrigues de Souza, de 26, de Rio Preto, na Zona da Mata, morreram como heróis na cidade italiana de Montese, onde ocorreu uma das mais sangrentas batalhas do conflito mundial com a participação da FEB.



De acordo com os registros, o três pracinhas integravam uma patrulha, quando se viram frente a frente com uma companhia alemã composta de 100 homens. Era 14 de abril de 1945. Eles receberam ordens para se render, mas continuaram em combate até serem metralhados – o detalhe é que, em vez da vala comum, mereceram até honras especiais do Exército alemão. Admirado com a coragem e resistência do trio, o comandante nazista mandou enterra-los e colocar, sobre a cova, uma cruz e placa com a inscrição: Drei Brasilianische Helden ou “três heróis brasileiros”. Terminada a guerra, seus restos mortais foram traslados para o Cemitério de Pistola, na Itália, e depois para o Monumento aos Pracinhas, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro (RJ). Mereceram até as condecorações Medalha de Campanha (participação na guerra), de Sangue do Brasil (quando há ferimento)] e Cruz de Combate (feitos de destaque).

No coração dos familiares e amigos ainda está a marca do dia da convocação dos jovens para a guerra e, depois, no caso dos três mineiros, do trágico comunicado sobre a morte. “Foi horrível e doloroso para todos nós. No mês seguinte, à partida de Geraldo Baeta, minha mãe sofreu um derrame cerebral e morreu. Uma vizinha ouviu no rádio que o navio em que ele estava fora a pique. Só que a mulher confundira tudo, era mentira, o meu irmão prosseguia viagem”, conta Natanaela Baeta Morais, de 84 anos, casada, moradora do Bairro de Lourdes, em Belo Horizonte. Numa caixa, ela guarda todas as cartas e medalhas conquistadas nos campos da Itália.



Enquanto abraça a foto do irmão, “que era arrimo de família de 10 filhos”, Natanaela conta que Geraldo Baeta nunca ficou sabendo que a mãe morrera tão rapidamente: “Achamos melhor não falar nada”. As cartas não paravam de chegar e, numa delas, o pracinha fez uma brincadeira com a mãe, dona Sinhá, dizendo que arrancaria e traria o bigode de Hitler para ela escovar o sapato. “Foram meses muito tristes, nossa família se reunia para chorar”, recorda-se Natanaela, certa de que os jovens precisam conhecer esses episódios para valorizar mais a participação dos brasileiros no conflito mundial.

fonte: http://www.exercito.gov.br/resenha/sabado/homepage.htm







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